Escrita de si e inscrever-se no mundo: NARRATIVAS DE LENIRA MARIA DE CARVALHO, UMA MULHER NEGRA, TRABALHADORA DOMÉSTICA | Autores: Zâmbia Osório dos Santos (UFSC - Universidade Federal de Santa Catarina) ; Eliane Santana Dias Debus (UFSC - Universidade Federal de Santa Catarina) |
Resumo: Esta pesquisa tem como objetivo identificar, dentro de uma leitura possível da escrita de si, qual tipo de participação/interação promoveu a conscientização (FREIRE, 1980) de Lenira Maria de Carvalho, mulher negra, trabalhadora doméstica, tornando possível a sua percepção das contradições da sociedade, na forma de seu letramento político (COSSON, 2011), a partir das obras Só a gente que vive é que sabe: depoimento de uma doméstica (1982) e A luta que me fez crescer (2000). Para isso, dialoga com os conceitos de letramentos, com os estudos sobre mulheres negras e as interações entre gênero, raça e classe. Como aporte teórico para a análise, no que diz respeito à percepção do letramento político, apoia-se em Tfouni (1995) e Cosson (2001, 2008). Em diálogo com o conceito de conscientização, utiliza Ramos (1958) e Freire (1969, 1980, 1982, 1988, 2005). Na discussão do gênero de escrita e conceituação da escrita de si, recorre a Lobo (1993), Penteado (2016) e Lacerda (2010). Para as discussões sobre ser mulher negra em condição de trabalhadora doméstica, nas pesquisas de Bairros (1991, 1995), Nascimento (1976), Gonzalez (1984), Davis (2012, 2013), hooks (2004, 2013) e Collins (2013, 2016). O estudo se divide em três etapas: 1) reconhecimento do tipo de escrita produzida por Lenira Maria de Carvalho; 2) constituição dos elementos necessários para realizar a leitura dessa escrita; e 3) análise dos textos, em suas feituras e percepções do letramento político de Lenira Maria de Carvalho, por meio dos espaços e práticas de letramento. A conclusão é de que a atuação em espaços de coletividade, assim como a condição de trabalhadora doméstica, somaram-se para promover o letramento político da escritora, e outros possíveis letramentos, por meio das práticas de luta pela valorização do trabalho e do sujeito e da luta por moradia.
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