Esta pesquisa teve como objetivo analisar como as imagens de objetos de discursos sobre um fato jornalístico são construídas ao longo de uma cobertura. Para tanto, foram selecionadas duas coberturas jornalísticas, dos jornais diários O Estado de São Paulo e Folha de São Paulo, sobre um fato que aconteceu em novembro de 2015, conhecido como Atentados em Paris, que repercutiu internacionalmente. Foram realizadas análises quantitativas e qualitativas, para mapear como ocorreram as construções dos objetos de discurso e quais as estratégias envolvidas na progressão referencial de um fato que possui retratação gradativa. As identificações e as análises das estratégias referenciais envolvidas partiram dos estudos de referenciação, vinculados aos pressupostos de Mondada e Dubois (2003), Koch (2009a;2009b) e Koch e Marcuschi (1998), para a abordagem de progressão referencial entre textos, como estratégia de manutenção da coesão discursiva em textos de uma cobertura contínua. Partindo, então, dos dados obtidos por meio dessas análises observamos que a progressão referencial pode ocorrer entre textos, primordialmente, por meio de retomadas dos referentes que mantém o núcleo da expressão referencial, com o acréscimo de um modificador junto ao núcleo. O que nos permitiu concluir que essa estratégica constitui-se em fator principal para a viabilidade de construção de uma cobertura jornalística continuada a respeito de um fato, dado que possibilita a identificação e manutenção das imagens edificadas pelo leitor sobre os objetos discursivos. Sendo assim, a progressão referencial entre textos promove o efeito de identidade referencial para os objetos de discurso construídos, garantindo certo modo de compreender os fatos abordados ao longo de uma cobertura.