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Simpósio Mundial de Estudos de Língua Portuguesa
Resumo


SUBJETIVIDADE E CONSTRUÇÃO DE SENTIDOS EM DISCURSOS PRODUZIDOS POR INDÍGENAS TUPINIQUINS

Autores:
Adriana Recla Sarcinelli (FAACZ - Faculdades Integradas de Aracruz)

Resumo:

Nesta comunicação analisaremos o discurso “O lobisomem”, editado na coletânea Os tupinikim e guarani contam... (MUGRABI, 2005), produzido por indígenas tupiniquins, da aldeia Caeiras Velhas, em Aracruz, estado do Espírito Santo-Brasil. Nosso propósito é verificar como a subjetividade e as relações interdiscursivas perpassam as práticas discursivas da população indígena selecionada, negociando a construção de sentidos. Tomamos os trabalhos de Benveniste (1988) e Kerbrat-Orecchioni (1980) para compreendermos a noção de subjetividade. Entendemos que é a subjetividade enunciativa que permite ao enunciador enunciar legitimamente e, no discurso, ela diz respeito às marcas linguísticas da presença do enunciador em seu enunciado, tanto na produção escrita quanto na produção oral, mesmo sendo em formas e graus diferentes. Maingueneau se preocupa com a questão da subjetividade enunciativa ao tratar do modo de enunciação. Por esta razão, buscamos nas propostas de Maingueneau (2005, 2006, 2008, 2015) os processos metodológicos para a análise do discurso selecionado. Elegemos, para a análise, as categorias de interdiscurso, semântica global, cenas de enunciação (enfatizando a cenografia) e de ethos discursivo. Verificamos que as relações de subjetividade manifestam-se essencialmente no discurso, em que tiveram origem, pois ele representa o acesso às maneiras pelas quais a etnia tupiniquim constrói o próprio espaço discursivo, pensa sobre si mesma, o que desvela as especificidades e a identidade do discurso indígena. Notamos ainda que o ethos, as representações de tradição, os traços históricos e socioculturais materializados linguisticamente no corpus selecionado constroem um lugar social de indígena e depreendem a imagem discursiva do sujeito indígena subjacente no discurso, relacionando-a às imagens de indígenas construídas historicamente no imaginário nacional.