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Simpósio Mundial de Estudos de Língua Portuguesa
Resumo

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Discurso, desigualdade social e cinema

Autores:
Edna Clara Januário de Araújo (UFMG - Universidade Federal de Minas Gerais)

Resumo:

Trazendo ao cenário imediato as diversas maneiras de imposição do sistema de comportamento dominante/dominado, é necessário um olhar específico para o fenômeno mundial da (i)migração. Tendo em vista que há um crescente número de pessoas que, em função de fatores como guerras e miséria, imigram para outros países ou regiões, é preciso que haja uma mobilização em torno dos discursos dos e sobre os imigrantes e refugiados para que suas vozes sejam ouvidas.

Nesse sentido, dois filmes foram selecionados com o intuito de se fazer um estudo comparativo sobre a representação da realidade de mulheres em diferentes contextos no âmbito de grupos minoritários. O primeiro filme escolhido, de nacionalidade brasileira, é o aclamado Que horas ela volta? (2015), de Anna Muylaert. O segundo filme selecionado é Fatima (2015), de nacionalidade francesa, de Philippe Faucon.

Nosso objetivo maior é, pois, o de apreender, descrever e analisar a representação de mulheres pertencentes a grupos marginalizados das/nas sociedades brasileira e francesa a partir de tais obras. O estudo se deu à luz da Análise do Discurso, em sentido amplo, mais especificamente no campo da Semiótica Discursiva, principal instrumento teórico-metodológico utilizado neste trabalho.

As ideologias veiculadas pelas obras fílmicas puderam ser percebidas, com nitidez, pelos temas e figuras encontrados nas análises desenvolvidas. Dentre os principais temas discutidos, os filmes possuem em comum a subalternidade da empregada doméstica/faxineira, o patriarcalismo e a inferioridade da imigrante, mostrando ideologias muito próximas tanto na sociedade brasileira quanto na francesa. Como resposta a tais ideologias, os enunciadores/autores dos dois filmes apresentam o tema do questionamento da ordem social, que se faz representar, na tela, pela(s) filha(s) dessas duas mulheres. Tal tema é trabalhado de maneiras diferentes, por se tratar de países e culturas distintas. Entretanto, as duas obras provocam nos enunciatários/espectadores uma reflexão sobre as desigualdades existentes na sociedade ocidental.