Trata-se de uma proposta de ensino da língua na Educação Básica que considere a variante linguística trazida pelo aluno como uma entre outras variantes. Um ensino que trabalhe de forma consciente as relações de poder que se estabelecem na sociedade a partir dos usos da língua. O texto aponta as implicações de uma visão de escola como lugar exclusivamente de ensino e de um entendimento de currículo como um documento que apresenta uma lista de conhecimentos a serem trabalhados na sala de aula com objetivos pré-determinados. Nesse contexto, não existe espaço para o diferente, para o inesperado; assim como, não existe espaço para a contribuição do aluno. Sendo assim, ele não se constitui sujeito e sim sujeito de aprendizado, um indivíduo cujo uso que faz da língua não encontra aceitação nesse espaço centralizado nos conhecimentos pré-selecionados de forma independente dele. Pretende-se relacionar esse fazer pedagógico ao fraco desempenho de grande parte das instituições públicas nas avaliações externas, e também delinear quais as possíveis contribuições e prejuízos que resultarão da aplicação da Base Nacional Curricular Comum (BNCC). O objetivo é trazer uma proposta de escola que transcende o lugar exclusivamente de ensino, de uma escola também como lugar de vivências a serem enxergadas e compartilhadas, em uma perspectiva de currículo aberto em que o inesperado pode surgir e modificar as ações, os objetivos, as propostas. Dessa maneira, intenta-se refletir sobre como o trato com as questões linguísticas em um sistema escolar influencia o aprendizado em todas as áreas.