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| Os filhos do dia e da noite: interações e embates estéticos e ideológicos na obra poética de Oswaldo de Camargo | Autores: Érica Luciana de Souza Silva (IFF - Instituto Federal Fluminense) |
Resumo: O contexto literário brasileiro, até o Modernismo, assumiu um cânone baseado na literatura europeia, cuja representação assumia a expressão do colonizador definida na tradição eurocêntrica da metrópole. A partir do Romantismo, a presença do negro na literatura brasileira limitava-se ao assunto relativo ao tráfico negreiro, situando o mesmo apenas como um problema social e político, mas não como autor textual de sua história por não contemplar a estética em vigor, além de não haver espaço para as produções africanas. As relação apresentadas nos textos literários até então era demonstração de poder e, até a bem pouco tempo, as culturas negras eram consideradas como inferiores, produções sem forma, deploráveis e horrendas. Oswaldo de Camargo se insere nesse cenário da poesia brasileira não apenas como um escritor que canta versos de protestos, mas como um poeta que apresenta suas dores, frustrações, angústias e questionamentos as quais se constituem como sensações e sentimentos pertinentes a todo ser humano. Possui a consciência de seu hibridismo cultural, o qual é composto por raízes africanas conjugadas com a influência e o conhecimento sobre o negro americano. O resultado é uma poética intimista,permeada pela dor, angústia e humilhação provenientes da situação de marginalização na qual se encontra o afrodescendente brasileiro. Com seus poemas, Camargo consegue colocar o negro brasileiro em evidência dando-lhe voz, permitindo-lhe ser ouvido por aqueles que, durante séculos, o relegaram a posição de vítima do sistema escravista ou apenas um vazio social. Portanto, são poemas que serão lidos buscando a interação entre o universal, relativo às aflições do ser humano, e as questões sociais do engajamento relativo ao preconceito racial. Esta comunhão de perspectivas distingue Oswaldo de Camargo como um homem que, além de ser negro, se constitue como exímio poeta brasileiro.
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