Os sujeitos, de acordo com as lições bakhtinianas, constituem-se numa relação a uma só tempo histórica, social e discursiva. Nesse sentido, o estudo que se apresenta tem como objetivo verificar as simbologias de contenção e expansão presentes nas reproduções dos modelos simbólicos de masculino e feminino constantes em objetos publicitários destinados ao público infantil. A metodologia de análise é qualitativa e se vale de um corpus composto por materiais publicitários impressos (propagandas) que tenham crianças entre os seus personagens. Assim, a análise se assenta na verificação das escolhas e arranjos linguageiros, bem como de seus efeitos interpretativos e, sob o prisma da(s) ciência(s) da linguagem, busca verificar a ideologia sexista muitas vezes presente nesse material discursivo. Os resultados parciais corroboram a ideia de que formação e a conformação dos padrões de gênero historicamente fixados no inconsciente coletivo não nascem a partir de fatores biológicos e naturais; esses padrões são, antes de tudo, culturais e (re)produzidos discursivamente, ainda que de modo às vezes sutil e sorrateiro. Os resultados até então obtidos apontam para a ideia de que os modelos socialmente construídos e consolidados acerca do feminino e do masculino se presentificam, divulgam e cristalizam nas peças publicitárias dirigidas a crianças e/ou por elas protagonizadas. Nesse contexto, os signos – verbais e não verbais –, desde a sua seleção até os arranjos sintáticos de que são constituintes, fazem-se matéria-prima à disposição da presente investigação científica, observando-se, sobretudo, as simbologias de contenção e expansão que se colocam nas semioses que envolvem meninos e meninas presentes nas peças publicitárias analisadas.