O herói nacional é uma representação que orienta os valores coletivos, como um modelo social a ser imitado através de atributos reproduzidos na sociedade. Ele tanto pode auxiliar na manutenção do estado de coisas atual, como pode subverter os ideais do tempo presente. O herói é fruto da conjuntura histórica, porém, o poder que exerce no comportamento das pessoas está vinculado com padrões míticos, que integram as sociedades ao redor do globo.
O presente trabalho discute sobre duas figuras de eminente importância histórica e como a imagem delas serve de parâmetro ao grupo que representam. Também nos interessa resgatar o papel exercido por eles por meio da representação mítica, que alimenta o imaginário social. São eles: Zumbi dos Palmares (1655-1695), líder social guerreiro que visava a libertação dos escravizados no Brasil; e Eduardo Mondlane (1920-1969), líder social fundador da Frente de Libertação de Moçambique e um dos principais arquitetos da identidade nacional moçambicana.
A aproximação e a análise de ambos heróis são através de duas obras literárias. Uma delas é o romance autobiográfico escrito por Eduardo Mondlane, “Chitlango, Filho de Chefe”, publicado em 1950, por intermédio do missionário Daniel Clerk, muito antes de sua partida aos EUA e da posterior formação da FRELIMO. Outra obra considerada neste trabalho apresenta, de forma didática, a figura histórica de Zumbi e sua importância social, "Zumbi", escrita pelo autor Joel Rufino dos Santos e publicada em 2006.