Este trabalho tem por objetivo analisar o sentido na linguagem do sujeito autista. Tendo em vista que o autismo é considerado como um transtorno do desenvolvimento que está inserido no grupo dos Transtornos do Espectro do Autismo (TEA), de acordo com o DSM V, compêndio médico publicado pela Associação Americana de Psiquiatria, utilizado como referência para pesquisas, diagnóstico e classificação dos transtornos mentais. As primeiras descrições sobre o autismo enquanto transtorno foi realizada por Leo Kanner, em 1943. Kanner percebeu alterações na linguagem e dificuldade de interação social (KANNER, 1943; 1966). As vocalizações, o mutismo, o neologismo, a ecolalia são dificuldades de linguagem encontradas pela criança autista (RUIZ TORRES, 1987; REY, 2003) podendo acontecer de modo imediato, tardio ou com alguma pequena alteração (FERNANDES, 1996; NICOLOSI et al, 1996). O corpus de análise foi composto de dois fragmentos de linguagem de duas crianças autistas selecionados do banco de dados do laboratório de linguagem do Programa de Pós-graduação em Ciências da Linguagem da Universidade Católica de Pernambuco e analisados através do programa Eudico Linguistic Anotator (ELAN). As crianças analisadas têm o diagnóstico de autismo e participam do Grupo de Convivência e Acolhimento Autismos presente na UNICAP. O trabalho está fundamentado nos estudos da Teoria da Enunciação de Émile Benveniste (2005;2006). Portanto, de acordo com Benveniste (2005), a linguagem busca significar, ela é uma ação significante por excelência. A enunciação é um enorme processo que nos faz compreender como “o sentido” se constitui em “palavras” e como diferenciar essas percepções e relatar o seu diálogo. Em concordância com Benveniste, a semantização da língua é o ponto central desse desenvolvimento que nos leva à teoria do signo e à análise da significância.