A ergonomia pode ser definida como conforto na relação homem/objeto, cujo objetivo é adequar o trabalho ao homem, possibilitando-lhe condições de bem-estar com o trabalho e com o meio. Também é definida como um processo construtivo e participativo que exige conhecimento das tarefas/atividades desenvolvidas para realizá-las e das dificuldades enfrentadas para se atingir o desempenho, dado que ela pode ser encontrada nas seguintes variáveis: física, voltada ao estudo de ferramentas, máquinas, instalações; e a lógica, voltada ao estudo dos códigos, sinais, linguagem, procedimentos relacionados ao mundo do trabalho. A partir de Maurice Tardif e Yves Clot, a presente pesquisa teve como proposta investigar, na prática, como a Ergonomia da Atividade pode contribuir para a reflexão do agir dos professores, especialmente daqueles que lecionam no ensino fundamental II de escola pública. Primeiramente, buscou-se identificar semelhanças e diferenças no discurso dos docentes em relação ao seu agir. Em segundo lugar, objetivou-se demonstrar que o trabalho docente é constituído de relações que estão além da relação aluno-professor, mas que depende de relações entre professor-aluno-instituição. A presente pesquisa pauta-se no interacionismo sociodiscursivo, tal como proposto por Bronckart. . De início, foram feitas reflexões acerca do fazer docente e as orientações teóricas que têm direcionado as pesquisas relativas à área da Educação.. Na sequência, trabalhou-se a noção de ensino como trabalho a partir da teoria do gênero profissional ou gênero da atividade. Como  procedimento metodológico utilizou-se de um questionário aplicado aos professores.  Constatou-se que o dizer dos docentes participantes já vem, de certo modo, influenciado pelo contexto atual da escola pública e pelo desprestígio da profissão, o que caracteriza a resistência às prescrições, fatores que, em certa medida, não se pode desconsiderar.