TRANSEXUALIDADE DISCURSIVIZADA NO INFOGRÁFICO “ENTENDA O TRANSTORNO DE GÊNERO”: o que nos revela a gramática do Design Visual? | Autores: Dulce Elena Coelho Barros (UEM - Universidaede Estadual de Maringá) ; Neil Amstrong Franco (UEM - Universidaede Estadual de Maringá) |
Resumo: Tendo em vista que o Brasil é o país líder mundial em assassinato de pessoas transexuais, este artigo apresenta um empreendimento teórico-analítico sustentado na/pela Análise Crítica de Gênero (textuais/discursivos) e Semiótica Social/Gramática do Design Visual (KRESS, G.; VAN LEEUWEN, 1996), tendo como corpus um exemplar do gênero discursivo infográfico intitulado “Entenda o transtorno de gênero” que se situa no campo jornalístico. Visamos compreender como os discursos que constituem esse infográfico: representam a realidade da transexualidade a partir de conhecimentos e crenças, estabelecem relações de poder e (re)constroem a identidade da pessoa transexual. Para nortear o percurso analítico, as reflexões aqui tecidas ancoram-se nos pressupostos teórico-metodológicos da Análise Crítica de Gênero (ACG), a qual vem se consolidando dentro do campo dos estudos da linguagem e, segundo Motta-Roth e Marcuzzo (2010), calca-se numa abordagem interdisciplinar, combinando nuances de quatro perspectivas teóricas, a saber: Análise sociológica do discurso (BAKHTIN, 1986, 2008 [1981]), Sociorretórica (SWALES, 1990, 2004), Linguística Sistêmico-Funcional (HALLIDAY, 2004) e Análise Crítica do Discurso (ACD), que apresenta como seu principal expoente o estudioso britânico Norman Fairclough (2001 [1992], 2003). Os resultados apontam para a representação de uma realidade torturante e conflitante baseadas em relações sociais assimétricas em que os especialistas representantes da ciência são privilegiados em detrimento da própria pessoa transexual, construindo/reforçando uma identidade patológica desta última. Assim, pretende-se visibilizar a transexualidade, de modo a problematizar os discursos circulantes na mídia jornalística, almejando contribuir com a transformação da maneira como a sociedade concebe as(os) transexuais e com a emancipação desse grupo historicamente desprivilegiado.
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