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| ENTRE A “GRANDE MÃE” E A “MUSA”, A “LOUCA”: embate de gênero e estereótipos na campanha publicitária “snickers, você não é você quando está com fome” | Autores: Dulce Elena Coelho Barros (UNESPAR - Universidade Estadual do Paraná) |
Resumo: Este artigo traz à memória dois dos mais expressivos estereótipos que acompanham a trajetória feminina junto à estrutura social, quais sejam, o da “grande mãe” e o da “musa”. O empreendimento histórico-discursivo será, aqui, rememorado a partir da campanha publicitária da barra de chocolate Snickers, que tem como slogan “Você não é você quando está com fome”. O enfoque se volta, mais vivamente, para duas das peças publicitárias videográficas, produzidas especificamente para serem veiculadas no Brasil, que se realizam com base numa perspectiva de embate de gênero masculino versus feminino. O anúncio publicitário “República” (2013) apresenta como protagonista a atriz Betty Faria e o anúncio publicitário “Vestiário” (2015) conta com a participação da atriz, não menos consagrada, Claudia Raia. Com base nessas duas materialidades eleitas enquanto corpus analítico, buscamos, em consonância com os pressupostos da Análise Crítica do Discurso (ACD) de Norman Fairclough, desvelar significados relativos ao cenário no qual entre a figura da “mãe” e da “musa” se interpõe a figura da “louca” que, aparentemente salvaguardada no simulacro da representação teatral, perpetua representações sociodiscursivas associadas ao pensamento patriarcal que identifica a mulher como naturalmente irritadiça, instável e psicologicamente patologizada.Nas materialidades postas em análise neste artigo, percebe-se que as cenas enunciativas se desenvolvem em consonância com as metafunções relacional e identitária da linguagem. Os jogos de alternância que se estabelecem entre os personagens incidem diretamente sobre os significados identificacionais do discurso engendrado. Esse jogo lúdico, aparentemente ingênuo, que busca despertar o riso, contribui para a reprodução de sistemas hegemônicos de dominação, bem como para a perpetuação da ordem social vigente. Entendemos, a partir de Fairclough, que a função identitária da linguagem atua em consonância com a função relacional. Isso significa que a representação discursiva da identidade feminina como “irracional” ou “louca” advém de determinações sociais de natureza opositiva.
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