Imprimir Resumo


Simpósio Mundial de Estudos de Língua Portuguesa
Resumo


METÁFORAS CONCEITUAIS DO ASSASSINATO EM SÉRIE: O VAMPIRO DE NITERÓI

Autores:
Josyelle Bonfante Curti (UEL - Universidade Estadual de Londrina)

Resumo:

Este artigo se situa no campo teórico dos estudos da Cognição e visa investigar o recente fenômeno da metáfora conceitual, trazendo-o para o universo criminal do assassino serial. O corpus se constitui de uma entrevista realizada com o Vampiro de Niterói (Marcelo Costa de Andrade), um assassino serial brasileiro que atuou no Rio de Janeiro por nove meses, na década de 1990, vitimando 13 crianças. Quando a metáfora deixa de ser figura de linguagem e passa a compor o repertório cognitivo de conceituação e significação do homem, torna-se uma prática concreta de uso da língua, de interação social e de transmissão de conhecimento, pois, uma vez armazenada em sua mente, é responsável por representações, simbolizações, caracterizações e (re)configurações do mundo, de acordo com suas experiências e particularidades. No ambiente criminal, essas metáforas revelam a visão e a mente do assassino, e tornam o assassinato algo positivo, pois, ressignificando-o, relacionam-no a sentidos menos perversos, como o sexo e a salvação divina, como uma forma de atenuar suas ações, ou de representar, com precisão, seus atos e sensações: a mente do assassino serial constrói representações agradáveis e positivas da morte, pois é assim que seu corpo percebe o ato de matar. Sabendo que a língua nos constitui e nos governa em todas as atividades, em toda e qualquer esfera social, aqui, ela se torna indício, meio de fundamentação, de esclarecimento e de exposição, logo, o uso de metáforas na conceitualização das práticas conduzidas pelo assassino, como forma de justificá-las, demonstra a relação entre a cognição e as atividades do homem. Ou seja, evidencia o fato de que a linguagem é cognitiva, e as metáforas, uma vez que se materializam apenas linguisticamente, também são, pois originam-se e perpetuam-se no uso social e contextualizado da língua em interação.