O presente trabalho, situado no âmbito da Linguística Aplicada, insere-se no projeto de pesquisa “Multiletramentos, novos letramentos e o desenvolvimento de materiais didáticos e/ou digitais para o ensino e aprendizagem de língua portuguesa, à luz da perspectiva dialógica da linguagem em contexto regular e de inclusão” (UEM/Profletras) e no projeto interinstitucional “Estudos dialógicos da linguagem: contribuições para pesquisas em Linguística Aplicada nos contextos escolares e não-escolares” (UEM).O objetivo geral é discutir as representações do “ser professor” de seis estagiários, em diferentes momentos do estágio em língua portuguesa, em contexto de surdez, a partir dos conceitos de  cronotopo e valoração. A fundamentação teórica da pesquisa ancora-se nos estudos de Bakhtin (bakhtin, 1998, 2003) e de seus interlocutores contemporâneos (RODRIGUES, 2001; AMORIM, 2004; BRAIT, 2006; MIOTELLO, 2008; PEREIRA E ACOSTA-RODRIGUES, 2014), situados no campo da Análise Dialógica do Discurso (ADD). Metodologicamente, trata-se de uma pesquisa de natureza qualitativa, no qual os instrumentos para a geração dos dados constituíram-se de entrevistas semiestruturadas aplicadas a seis estagiários do curso Letras-Português, em dois momentos: (a) o primeiro anterior ao estágio de observação; (b) o segundo posterior ao estágio de docência, realizados em uma escola para surdos no noroeste do Paraná, no ano de 2018. Os resultados apontaram que cada temporalidade provocou novas apreciações valorativas sobre ser professor nos estagiários. Essa renovação de sentidos, portanto, evidencia que o tempo e o espaço geram um movimento de transformação, no campo dos acontecimentos que formam a identidade do professor em formação.