Anáfora de primeira pessoa do plural em português brasileiro: análise formal e experimental | Autores: Dorothy Bezerra Silva de Brito (UFRPE/UAST - Universidade Federal Rural de Pernambuco/Unidade Acadêmica de Serra Talhada) ; Danniel da Silva Carvalho (UFBA - Universidade Federal da Bahia) ; Márcio Martins Leitão (UFPB - Universidade Federal da Paraíba) ; Adeilson Pinheiro Sedrins (UFRPE/UAG - Universidade Federal Rural de Pernambuco/Unidade Acadêmica de Garanhuns) |
Resumo: O ponto central deste trabalho é discutir sentenças como “??A gente nos viu no espelho” e “??Nós nos viu no espelho” em que a aceitabilidade dos dados parece degradada. Levantamos a hipótese de que a especificação dos traços gramaticais de “a gente”, assim como a sua especificação de traços semânticos, é a de [P:1; N: Plural]. Assim, a afirmação de que a especificação gramatical desta forma pronominal seria [P:3; N: Singular], baseada apenas na “concordância” com “verbos flexionados na 3ª pessoa do singular” ou na correferência com reflexivos e pronomes que também apresentariam essa especificação gramatical, não encontra suporte empírico. Tampouco teríamos problema com a possibilidade de “a gente” apresentar “se” como anáfora, já que, como discutido em Brito (2009), este não teria especificação gramatical ou semântica para pessoa e número. Algumas restrições parecem atuar sobre o clítico “nos” que, de acordo com nossos julgamentos de aceitabilidade, só é possível quando o verbo apresenta também a morfologia de número [plural]. Tentamos acomodar esse fato através da assunção das hipóteses da Hipótese da Concordância Verbal (HCV) (DAS, 2012; CARVALHO; BRITO, 2017) e da minimalidade-φ (Nunes; Martins, 2017). Propomos, assim, que ambas as hipóteses são complementares, uma vez que uma proposta puramente sintática para lidar com os dados não seria suficiente, pois nós e a gente têm, a priori, o mesmo conjunto de traços-φ (Carvalho 2008). Assumimos, portanto, que tanto nos quanto o padrão de concordância morfologicamente saliente nas variedades do PB estudadas obedecem HCV e minimalidade-φ, pois nos é uma forma pronominal mais especificada que a anáfora não realizada (pronome nulo) e a forma se (Brito 2009). Esta linha de raciocínio, baseada em nossa intuição enquanto falantes nativos do português brasileiro, será testada a partir de experimentos on-line e off-line a serem realizados com alunos de graduação de universidades brasileiras.
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