Concebendo a linguagem como uma expressão essencialmente dialógica do discurso, e nesse ínterim, as ricas contribuições para o ensino da leitura norteada à luz da interação responsiva-ativa entre autor/ leitor/ texto, este trabalho, orientado pela Profª Drª Maria de Fátima Almeida, objetiva discutir como a leitura dialógica de poemas pode ser aplicada em sala de aula. O marco teórico está fundamentado na teoria dialógica do discurso postulada por Bakhtin (2011,2014), bem como as compreensões e acréscimos de seus respectivos interlocutores: Brait (2016), Faraco (2009), Fiorin (2016) e Sobral (2009). O corpus desta análise constituiu-se pelo recorte do poema ‘As cigarras’, publicado na obra Zôo Imaginário, de Sérgio de Castro Pinto (2006).  À luz do pensamento bakhtiniano, propusemo-nos a analisar, em específico: como a teoria dialógica pôde contribuir para o desvelar dos diálogos entre os elementos verbo – visuais que constituintes do poema. Buscamos identificar a materialização dos elementos verbais na plasticidade dos elementos composicionais das ilustrações, evidenciando como esta natureza de essência dialógica é capaz de estruturar o discurso poético, entrelaçando-o aos elementos visuais. O poema da obra selecionada traz em sua temática referências ao universo animal, essa perspectiva poética apresenta singularidades para além dos elementos imagético – semânticos, sendo esses, elementos norteadores às ilustrações elaboradas pelo artista plástico Flávio Tavares (2006). Objetivamos, deste modo, agregar recursos dialógicos às práticas de ensino de leitura em sala de aula, uma vez que as contribuições bakhtiniana nos encaminharam à perspectiva em que é possível estabelecer um contato fluido entre o leitor responsivo – ativo e a apreciação do texto literário. Nesta junção verbo-visual o método de análise dialógica desempenhou um papel basilar a fim de proporcionar a apreciação estética do texto poético em sua totalidade artística.