“FAKE NEWS”: UMA PROBLEMATIZAÇÃO NA PERSPECTIVA BAKHTINIANA | Autores: Renata Maria Facuri Coelho Marchezan (UNESP - Universidade Estadual Paulista) |
Resumo: No seio do simpósio “Estudos bakhtinianos do discurso: diálogos e(m) fronteiras”, que congrega apresentações de pesquisa, na perspectiva dialógica, sobre a produção de sentido em diferentes esferas de atividade, este trabalho visa problematizar a noção de “fake news”, termo por meio do qual se tem destacado a criação propositada e bem elaborada de notícias falsas, facilitada pelos meios tecnológicos, que também propiciam sua circulação e propagação, de tal modo que a publicação acaba ganhando relevância e verossimilhança em função mesmo dos múltiplos compartilhamentos em rede. Após a apresentação da noção, interrogamos sobre a possibilidade de examiná-la no domínio do dialogismo, em que se postula a não-neutralidade, a pluralidade e o caráter dialógico do sentido. Para tanto, fundamentamos a reflexão em trabalho anterior em que situamos as contribuições bakhtinianas no contexto da “virada linguística” na filosofia e em suas confluências com o pensamento de E. Cassirer, e também de G. Simmel, conforme testemunha a adoção dos conceitos de “mundo da vida” e “mundo da cultura”. Ressalta-se também, no entanto, uma divergência importante entre eles: de um lado, a crítica à cultura, realizada por Simmel, de outro, a consideração da cultura como a própria condição humana, na perspectiva de Bakhtin e Cassirer. Como situar, então, nestes últimos filósofos, em especial, em Bakhtin, o tratamento crítico do fenômeno de “fake news”? É o que se discute expondo o não-relativismo de Bakhtin, e as bases filosóficas que o sustentam.
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