O autismo é um transtorno do comportamento, que gera um desenvolvimento incomum. A linguagem e a compreensão são duas das áreas afetadas pelo espectro que tornam a interação difícil para o indivíduo. Por causa desta condição, o interlocutor encontra-se na tarefa de busca por certo retorno durante o ato comunicativo com o autista. O presente trabalho toma a entoação – “variação da altura melódica na fala” (CÓRDULA, 2001) – do ponto de vista do interlocutor de uma criança autista, como elemento de pesquisa para responder a seguinte pergunta: de que maneira a entoação possibilita a continuação do diálogo? Benveniste (2005) afirma que “a resposta é uma reação linguística a outra manifestação linguística [...] e provoca no autor um comportamento, cada vez, adequado. [...] em termo de estímulo e resposta”. Diante disso, fundamentado nos estudos dele e de Cagliari (2007), este trabalho tenciona observar se, em momento de interação, a variação entoacional do interlocutor de uma criança autista provoca possíveis mudanças comportamentais na criança indicativas de respostas ou saídas de uma posição de isolamento autístico. O percurso metodológico utilizado envolveu a análise de vídeos presentes no banco de dados do Grupo de Estudos e Atendimento ao Espectro do Autismo – GEAUT, da Universidade Católica de Pernambuco. Para a transcrição dos vídeos e registro dos dados foi utilizado o programa Elan. Os resultados apontam para momentos em que a variação entoacional do interlocutor provoca resposta no locutor autista.