O estudo feito neste trabalho se propõe à análise dialógica da reflexão entre o tempo passado e presente através do gênero diarístico na obra Amanuese Belmiro (1971), do autor mineiro Cyro dos Anjos. Para  realizar tal proposta, buscamos fundamentações em Cristina Padilha, com O discurso da reflexão em O Amanuense Belmiro (2009) e Keila Málaque, com O Amanuense Belmiro e o Gênero Diarístico (2004). Todo o processo e cenário político-social em que se encontrava o país nos anos de 30, acarretam para a valorização da literatura que visa retratar a vida e realidade social da época e, surpreendentemente, o escritor Cyro dos Anjos (1971) cria, na referida obra, um  personagem que não possui posicionamento ideológico definido, muito diferente dos tantos outros trazidos pelos escritores do período. A pacificidade de Belmiro Borba, é sobreposta pelo pensamento da conciliação como bem maior para a solução dos problemas vividos pela sociedade da época, e está, nesta postura, a sua grande marca. Ao que se pode concluir, os refutamentos causados pelas memórias do personagem Belmiro Borba chegam a ser tão  profundos no que tange a própria existência deste, e do homem de modo geral, que acarretam para um cepticismo e relatividade absoluta da vida e o saber humano. O tempo, portanto, é visto como um espelho entre o antes, agora e depois. E ao leitor da referida obra, cabe a leitura atenta para esta percepção, que pode ser introspectivista na medida que utiliza do gênero diário para aproximar um ao outro (autor e leitor), construindo intimidade na relação com o público.