Este trabalho apresenta uma proposta para o ensino de linguagem, que associa diferentes práticas de leitura a exercícios de produção textual. A atividade foi realizada com alunos do 9º do Ensino Fundamental II, no CAp/UFRJ. Serão apresentados nesta comunicação: o planejamento da atividade, a orientação dada aos alunos, as etapas executadas e alguns dos resultados obtidos. Partimos da leitura comparativa dos textos literários – Vidas Secas, de Graciliano Ramos (2017), e Entre Trapos, de Andrei Ferreira (2016) –, por acreditarmos que a literatura “enriquece nossa compreensão do mundo, esclarecendo-nos sobre o que somos e sobre a realidade em que vivemos” (JOUVE, 2012, p.139). Fundamentados pela semiótica discursiva, teoria que tem por objeto o estudo da produção e da interpretação dos discursos que se manifestam nos textos (FIORIN, 2008), este trabalho teve como objetivo principal desenvolver a competência linguística dos estudantes, na escola básica, a fim de formar leitores capazes de analisar criticamente os discursos subjacentes aos textos e às práticas sociais, de identificar ideias, preconceitos, estereótipos e valores inscritos nos discursos e, principalmente, de posicionar-se em relação a eles. A semiótica discursiva “apresenta modelos para análise da significação, para além da palavra, para além da frase, na dimensão do discurso que lhe é inerente” (BERTRAND, 2003, p. 49), por essa razão, as práticas de leitura aqui propostas partem da apreensão dos elementos mais concretos dos textos para chegar às estruturas mais abstratas, sem deixar de considerar os implícitos, as relações intertextuais e interdiscursivas e os componentes históricos que compõem os discursos. A experiência vivenciada e o material produzido pelos alunos confirmam a importância e a eficácia das práticas de leitura associadas às teorias do discurso na formação de cidadãos críticos de sua própria realidade e conscientes das estratégias enunciativas que organizam os diferentes textos.