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Simpósio Mundial de Estudos de Língua Portuguesa
Resumo


INFÂNCIA DE GRACILIANO RAMOS: SOB A ÉGIDE DA LUSOFONIA

Autores:
Elizabete Gerlânia Caron Sandrini (IFES - Instituto Federal do Espírito Santo) ; Cinthia Mara Cecato da Silva ()

Resumo:

A obra Infância (1945), de Graciliano Ramos (1892-1953), traz à tona as memórias do autor quando menino e aluno, em meio ao contexto sertanejo. Dentre os acontecimentos registrados ficcionalmente, a maneira como a Língua Portuguesa e como Os Lusíadas, de Luís Vaz de Camões, lhe são apresentadas, durante seu processo de alfabetização, chamaram-nos a atenção. Isso nos conduziu ao seguinte questionamento: como Infância revela os meandros de uma educação que se queria impor sob a égide distorcida da lusofonia? Eis a temática a ser aqui trabalhada, uma vez que os dois acontecimentos – a Língua Portuguesa e Os Lusíadas – revelam literariamente como os métodos de ensino-aprendizagem enquadram a Língua Portuguesa sob os critérios culturais. Nesse sentido, realizamos uma análise de Infância objetivando compreender como se organiza, no espaço cultural brasileiro, o entrelaçamento da Língua Portuguesa, tanto do ponto de vista sócio-histórico quanto do ponto de vista estético-literário. Além disso, metodologicamente, evidenciaremos os alargamentos e os entraves que a questão geográfica e os interesses políticos impuseram ao uso da Língua e à incorporação de novos significados e ao que, culturalmente, nos constituiu como único continente da América do Sul a falar o idioma de Portugal. Para tanto, utilizaremos como aporte teórico os estudos de Rocha-Trindade (1998), Lourenço (1999) e Macedo (1998), que discorrem sobre questões da lusofonia, dentre outros. Os críticos literários de Graciliano Ramos também serão ouvidos. Os resultados poderão evidenciar que o indivíduo, sob a égide da lusofonia, não é apenas aquele que fala a língua portuguesa, mas também o que está entrelaçado a uma vasta comunidade cultural que não se restringe apenas a questões de codificação e decodificação de símbolos gráficos em um processo de alfabetização desvinculada de um sentimento de pertença a uma comum unidade que, baseada na partilha do sensível da língua, é transnacional.