Diários de testemunhas: das memórias subjetivas aos produtos midiáticos | Autores: Barbara Heller (UNIP - UNIVERSIDADE PAULISTA) ; Herom Vargas (UMESP - UNIVERSIDADE METODISTA DE SÃO PAULO) |
Resumo: Os diários podem funcionar como modelos de vida, caso sejam produzidos por celebridades, ou como registros de determinados eventos, narrados e transformados em produtos midiáticos por suas testemunhas e/ou descendentes, a fim de que não caiam no esquecimento. Neste artigo, analisaremos 03 diários veiculados no Brasil, cujas autoras vivenciaram situações traumáticas, provocadas por intolerância religiosa, econômica, social, política: A guerra não tem rosto de mulher, de Svetlana Aleksiévitch, (2013), Eu, Malala, de Malala Yousafzai e Christina Lamb (2013), e Diários de Berlim, de Marie Vassiltchikov (2015). Exiladas por força das circunstâncias, narram suas memórias que, materializadas em livros, são colocadas à venda nos formatos impresso e digital por diversos selos, livrarias e sites. Suas narrativas sofrem as interferências de tradutores, organizadores, editores, divulgadores, ilustradores, capistas, tradutores, etc. Temos como objetivos, portanto, analisar tais estratégias comerciais que transformam a subjetividade de quem lembra em produtos midiáticos atraentes, com suportes projetados para atingir determinados públicos, direcionar suas formas de ler e de circular. Partiremos de autores como Giorgio Agamben e Jeane Marie Gagnebin, com a problemática de narrar o inenarrável (como o Holocausto), bem como a importância do testemunho, com Tzvetan Todorov. Compararemos o texto verbal com as capas dos livros: cores, diagramação, formato, design, para entender os processos pelos quais a memória subjetiva é transformada em produto midiático.
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