Os Lusíadas é, sem dúvidas, um marco no quadro literário português, pois marca um período de grande influência da tradição clássica nas artes em geral. No poema épico renascentista, Luíz Vaz de Camões, com toda sua genialidade, busca inspiração em Homero e Virgílio para valorizar a cultura portuguesa, naquilo que a torna única no contexto europeu, explorando a história de Portugal anterior ao século XVI, bem como o período das grandes navegações, tendo como enfoque temático a viagem de Vasco da Gama em busca do caminho marítimo para a Índia, no intuito de desbravar novos territórios, expandir a fé cristã e se projetar, como nação, a um futuro imponente em que homens, a semelhança de deuses, se tornam heróis. Como se nota, todo o heroísmo e glória são dedicados aos bravos homens que, com coragem, se dedicaram a esta empreitada perigosa em prol da nação, evidenciando, assim, a supremacia masculina no gênero épico, tanto na temática como na produção e recepção desta. As mulheres ali presentes, mesmo compondo alguns episódios, tais como a Dona Maria e Inês de Castro, não ganham notoriedade, com exceção de Vênus, cuja intervenção junto a Júpiter foi crucial para o desfecho favorável do poema.Pintadas a partir da pluma de homens, sejam elas históricas, mitológicas ou anônimas, cabe-nos analisar, neste trabalho, as concepções de mulher verificadas n’Os Lusíadas a partir da tipificação de Lamas (2005), considerando o contexto histórico em que a obra se insere, bem como identificar as figuras femininas presentes no poema. Para isto, nos utilizaremos de Lamas (2005, 2009) Abdala Junior e Paschoalin (1990), Macedo (2002), Bloch (1995). Salientamos que esta pesquisa está em andamento.