O projeto de leitura aqui apresentado foi resultado de minha inquietação diante do discurso recorrente de que a sala de aula da escola pública não se configura como espaço de aprendizagem de língua inglesa. Ele foi desenvolvido em duas escolas: uma da rede municipal de Belo Horizonte e a outra da rede estadual, no município de Ribeirão das Neves, região metropolitana. Baseado na visão de que ler “não é apenas decifrar um código: é perceber a interligação lógica dos significados, as relações entre eles (...), posicionando-se diante dele, e utilizar os conteúdos ideativos adquiridos em novas situações” (AGUIAR, 2013, p. 153), o projeto foi idealizado como uma proposta que pudesse promover o engajamento dos alunos não apenas no processo de aprendizagem monitorado pela professora, mas também no desenvolvimento da autonomia fora da escola e, principalmente, no posicionamento crítico nas relações sociais. Foi proposta a leitura e a discussão de dois livros: 1) Little Red Riding Hood e 2) The Story of Ruby Bridges. Posteriormente algumas cenas foram selecionadas, encenadas e filmadas por alunos do nono ano. Dentre os resultados observados, constatei que ao lerem textos literários na língua inglesa, os alunos tornam-se mais motivados na aprendizagem do idioma e que o uso mais frequente desse durante as aulas não foi motivo de resistência. O comprometimento dos alunos na realização das tarefas foi um indício do aumento da autonomia no processo de aprendizagem que demandou a utilização da língua não monitorada para além da sala de aula. Diante dessa experiência, acredito ser também possível motivar outros professores do Ensino Básico a trabalhar com textos literários, a despeito de possíveis resistências iniciais de seus alunos, pois além de trabalhar a língua, eles possibilitam um espaço de reflexão e aprendizagem autônoma que são para toda a vida.