Apesar de análises variacionistas serem frequentemente aplicadas para capturar mudanças linguísticas em progresso em comunidades monolíngues e bilíngues, a aplicação desse método no estudo de aquisição de língua adicional ainda é ínfima. Nesse estudo, incluímos a análise variacionista na investigação do desenvolvimento do português como L3 por falantes bilíngues de espanhol e inglês. Enquanto a metade dos aprendizes no estudo adquiriram inglês como L1 e espanhol como L2, a outra metade aprendeu espanhol como L1 ou língua de herança, e inglês como L2 ou simultaneamente.
Acredita-se que línguas previamente adquiridas influenciam a aquisição de L3. Enquanto alguns sugerem que a L1 será sempre a fonte de transferência, outros acreditam que a L2 exercerá maior influência na L3 (Bardel & Falk, 2007). Rothman (2015), no entanto, propõe que a língua tipologicamente mais parecida (L1 ou L2) será a única fonte de transferência. Nesse projeto, investigamos a distribuição variável de contrações de preposição+artigo na produção de português L3 para contribuir com os modelos de transferência citados.
A variável em questão é a aquisição da regra categórica em português, segundo a qual algumas preposições se combinam aos artigos. Nos sistemas adquiridos anteriormente pelos aprendizes, essas regras ou não se aplicam ou se aplicam somente em alguns contextos. Um exemplo da produção do aprendiz (1) mostra a natureza variável da aquisição dessa estrutura:
(1) Os estados em o Nordeste de Brasil são Bahia, Alagoas, [...] Incluído na região é a floresta amazônica
Extraímos 200 dados de contrações obrigatórias de um corpus de aprendizes de português L3 matriculados numa universidade americana e os codificamos segundo o tipo de preposição, a palavra anterior, amálgamas e frequência lexical, além de fatores extralinguísticos (e.g., L1, L2). Nossos resultados preliminares indicam um caminho claro na aquisição de contrações para ambos os grupos, e diferenças importantes segundo a ordem de aquisição do espanhol e inglês.