A escrita e a leitura praticadas no contexto dos cursos de graduação, especificamente no cenário ocupado por disciplinas de Estudos da Linguagem, Língua Portuguesa, Produção Textual devem ser observadas para além de uma mera sistematização de recursos linguísticos ou de aquisição de habilidades acadêmicas. Propõe-se sua interpretação de uma perspectiva epistemológica e de constituição identitária do graduando. Há modos de expressão típicos da academia, cujas peculiaridades o estudante conhecerá no curso de sua formação, todavia, as condições práticas através das quais o conhecimento pode ser materializado em textos e discursos de produção científica demandam que se olhe para os lugares de enunciação e para os cenários discursivos. O estudante apropria-se dos gêneros textuais específicos que nem sempre são sistematizados e racionalizados a ponto de haver o reconhecimento de constituição de lugares de enunciação e de produção de saber. Esses dois processos – enunciar e ver-se na condição de produtor de saber – são fundamentais para o desenvolvimento do pensamento científico socialmente, historicamente situado como prática responsável. Para além da aquisição de habilidades e da socialização de saberes, recorta-se a perspectiva de letramento acadêmico como a aquisição de um modo de fazer sentido cientificamente, como a apropriação de uma identidade para o estudante a partir da qual ele ocupa lugares de enunciação e produz conhecimento (NORMAND, 2009). Outrossim, promoveu-se, com os cursos superiores do IFRS – Campus Viamão, uma série de ações para a consolidação da graduação como lugar de pensamento e produção científica. Para tanto, desde a constituição de um núcleo estudantil para a gestão de um periódico acadêmico até a oferta de cursos de escrita e diálogos sobre gêneros e discursos acadêmicos busca-se a apropriação de um pensamento sobre fazer ciência e difundi-la, em suas textualidades particulares como práticas necessária, dinâmicas e naturais ao processo de formação.