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| Sujeitos no lixo: (re) significação e resistência no documentário “Lixo extraordinário” | Autores: Leila Marli de Lima Caeiro (CEFET-MG - Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais) |
Resumo: Este trabalho propõe uma análise discursiva de depoimentos de sujeitos que lidam com o lixo no Aterro de Jardim Gramacho na periferia do Rio de Janeiro. Trata-se de relatos registrados no documentário Lixo Extraordinário, que narra a história de alguns personagens a partir de sua interlocução com o artista plástico Vik Muniz. O lixão pode ser percebido como um espaço-arquivo de memórias descartadas. É o lugar onde são encontrados resquícios de memórias das diferentes pessoas que fazem parte da sociedade, pois alguns objetos encontrados no lixo funcionam como marcadores do tempo, lugares e sujeitos. A narrativa sobre os sujeitos e seus espaços sociais pode ser interpretada de acordo com o olhar lançado sobre o que é colocado à margem, eliminado, jogado fora no lixo. Dessa forma, para compor nosso corpus, selecionamos os relatos das personagens do documentário que atuam no aterro sanitário, cenário da filmagem documental. Para tecer a análise, nosso principal aporte teórico-metodológico é a Teoria Semiolinguística de Patrick Charaudeau, porém, buscamos uma abordagem interdisciplinar envolvendo a questão da memória, dos imaginários, das representações sociais por entender que essas categorias podem contribuir para a compreensão dos discursos evidenciados e dos discursos silenciados na narrativa desses sujeitos. Concluímos, em certa medida, que algumas memórias podem se encontrar no lixo e que outras são recuperadas pelos sujeitos que tomam para si a palavra. No lixo e no aterro do Jardim Gramacho encontra-se uma memória social que tentam apagar pelo descaso com o outro. Esse outro que pode ser invisibilizado por uma montanha de lixo, que apesar de todos os contratempos resiste e insiste em se colocar na ordem dos discursos.
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