É possível perceber que, mesmo em pleno século XXI, alguns grupos sociais minoritários ainda sofrem com discursos de repúdio e ódio e isso se aplica a países como o Brasil, mesmo sendo conhecido por sua diversidade social. O contexto sociocultural atual reflete um momento rigoroso de discussões e reivindicações pela liberdade sexual e pela busca pela igualdade dos direitos homossexuais. A fim de contribuir com as descobertas linguísticas e trazer à tona esse assunto tão pouco estudado em terras brasileiras, esta pesquisa busca responder hipóteses referentes à produção e à percepção de características e/ou pistas acústicas encontradas na fala de homens homossexuais cariocas. Para tanto, será analisado um corpus de fala com 30 indivíduos (10 homens heterossexuais, 10 homens autodeclarados homossexuais e 10 mulheres heterossexuais). O intuito é, após a gravação do corpus, verificar contextos semelhantes aos já encontrados em estudos de língua inglesa (GAUDIO, 1994; LINVILLE, 1998; ROGERS, HENRY & SMYTH, RON, 2003; PIERREHUMBERT ET AL., 2004; PODESVA, 2008, TRACY, BAINTER E SANTARIANO, 2015) para verificar se de fato os homens gays tendem a produzir valores mais altos de pitch aproximando-se de uma fala mais feminina e, consequentemente, distanciando-se de uma fala mais masculinizada. Além dessa característica, algumas outras, como a pronúncia de vogais orais tônicas com maior duração e a fricativa coronal /s/ em posição de coda final sendo pronunciada de forma mais longa, podem indicar evidências da fala de homens gays. Como base teórica para este trabalho, são utilizados os pressupostos teóricos da Sociolinguística Variacionista (LABOV, 1972; 1974; 1982; 1994) e Eckert (1989, 1997, 2000, 2003, 2005, 2010, 2012) e, para análise dos testes de percepção, são utilizados Gaudio (1994); Smyth, Jacobs e Rogers (2003); Levon (2007); Campbell-Kibler (2011); Lopes (2012) e Tracy, Bainter e Santariano (2015).