Esta pesquisa tem o objetivo de discutir como os sentidos para a elaboração de estratégias e processos relativos à argumentação são produzidos nas práticas escolares tomando como base a leitura. No contexto atual em que grupos conservadores se multiplicam, dentro e fora do ambiente escolar, nota-se um possível cerceamento das condições básicas e necessárias para livre circulação de ideias. Essa condição é notória quando atravessamos o limite da transparência da linguagem, dos sentidos e das relações hierarquicamente legitimadas. Assim, oferecer práticas que favoreçam o desenvolvimento da capacidade crítica dos estudantes e lhes oportunizar espaços para que possam se expressar, pode significar, acima da ação pedagógica, um ato de resistência, pois conforme Orlandi (1980), “o sujeito se faz em um momento de entrega e resistência”. Para que tais ações se efetivem, consideramos a ampliação da competência argumentativa uma ferramenta fundamental. Posicionar-se diante do que está apresentado nas diferentes instancias sociais possibilita aos estudantes assumir o protagonismo que lhes cabe, e, por conseguinte, a voz que lhes é de direito. Nesse sentido, não por acaso, filiamo-nos à perspectiva teórica da Análise de Discurso de linha francesa pêcheuxtiana, bem como às reflexões produzidas por Eni Orlandi, Eduardo Guimarães, Ducrot e estudiosos dessa área. O trabalho, ainda em fase de inicialização, enquanto metodologia constitui-se de uma pesquisa-ação, com natureza intervencionista, com o corpus em construção, mas com ênfase as atividades de leitura de textos com expressões argumentativas, pautadas nos princípios da transversalidade, visando contribuir com o “sujeito escolar, antes de tudo, sujeito de linguagem” Pfeiffer (2002), atentando para ressignificação do ato de ler , um aspecto vital para as práticas sociais e o exercício da cidadania. Ao final da investigação, serão apresentadas as ações que compõem a proposta de intervenção e seus possíveis desdobramentos.