O presente trabalho tem por objetivo confrontar o processo de apagamento das vogais altas finais [i] e [u] no povoado de Beco, distrito de Seabra-Ba, analisados em Rolo (2010), com os resultados obtidos através da análise sincrônica de dados coletados em localidades baianas (Macaúbas e Bom Jesus da Lapa) e mineiras (Almenara, Itaobim, Pedra Azul, Montes Claros, Teófilo Otoni e Diamantina), elencando semelhanças e diferenças em relação aos contextos linguísticos e extralinguísticos (cf. ROLO, 2016 e Projeto ALiB). Além disso, considera-se para este corpus o apagamento de vogais documentado em Oliveira (2006; 2012), bem como no Atlas Prévio dos Falares Baianos (APFB) e no Esboço de um Atlas Linguístico de Minas Gerais (EALMG). Para esta análise, assumem-se os postulados teórico-metodológicos da Sociolinguística Variacionista (LABOV, 2008[1972]), bem como os pressupostos da Dialetologia Pluridimensional Contemporânea. O confronto de dados entre as áreas investigadas mostra que, em Beco, realiza-se majoritariamente mais apagamento com 75% para a vogal [u] e 86% para a vogal [i]. Esse fato revela-se como uma característica local e pode estar associado às questões do povoamento. Os dados apontam para uma maior incidência de apagamento antes de consoante do que de pausa e o discurso semidirigido é o fator que mais favorece esse processo. O panorama do apagamento das vogais átonas finais, delineado através do registro nos atlas linguísticos publicados, ajusta-se aos estudos que o documentam com base em dados de fala espontânea. A descrição desse fenômeno ainda é escassa, mas já conta com pesquisas que revelam o apagamento como uma variação que faz parte do português do Brasil.