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Simpósio Mundial de Estudos de Língua Portuguesa
Resumo


Semântica do espaço ou contato? Problemas de comparativismo categorial entre variedades de português e línguas bantas

Autores:
Paulo Jeferson Pilar Araújo (UFRR - Universidade Federal de Roraima)

Resumo:

O contato histórico entre o português do Brasil e línguas africanas, especificamente do grupo banto, é apontado como desencadeador de fenômenos gramaticais que tornam a variedade brasileira distante da variedade europeia de português e mais próxima de certas variedades de português na África. Dentre os fenômenos supracitados citam-se alguns relacionados à semântica do espaço a exemplo do uso de preposições introdutoras de complementos de verbos de movimento (fui/cheguei/vim ao/no cinema) (AVELAR; GALVES, 2014). Semelhantemente, construções de tópico-sujeito nas quais o sujeito é conceitualizado como locativo, à semelhança do que é conhecido como inversão locativa, também são relacionadas a particularidades de línguas bantas como prova da convergência entre a gramática do português e das possíveis línguas bantas com as quais o português teve contato historicamente (AVELAR, 2009). Este trabalho busca oferecer um tratamento mais detalhado das referidas construções pondo em lupa possíveis problemas de comparativismo categorial (HASPELMATH, 2007; 2010) a partir de uma perspectiva cognitivista (LANGACKER, 2008). Sob esse viés, os dados oferecidos de variedades do português, na África e no Brasil, como indicadores do contato são confrontados com questões de semântica do espaço seguindo pressupostos da Gramática Cognitiva. Como contribuição para os debates e estudos dos contatos históricos e das propostas de um contínuum de português (PETTER, 2008), propõe-se uma abordagem que não desconsidere os contatos, mas persiga uma nova reflexão em que, tanto quanto as línguas e culturas em contato, questões cognitivas sejam consideradas seriamente para um entendimento mais completo das possibilidades de estudos da relação entre o português e línguas africanas, conformando-se, assim, ao que se pode denominar de cognições em contato.