Fundamentado nos princípios teórico-analíticos da Gramática Textual-Interativa (GTI), vertente da Linguística Textual especializada no estudo dos processos de construção do texto, o presente trabalho (Processo FAPESP n. 2016/09046-1; orientador: Prof. Dr. Eduardo Penhavel) insere-se no âmbito das reflexões sobre o dispositivo teórico-metodológico da Linguística Textual praticada no Brasil e focaliza a categoria analítica abstrata do tópico discursivo. Assim, o objetivo geral deste trabalho é discutir a possibilidade de reconhecimento de uma unidade linguística essencialmente sistemática no domínio da organização textual da língua. Para tanto, analisaremos o processo central de construção textual reconhecido pela GTI, a saber, a Organização Tópica, em editoriais de jornais paulistas do século XXI e buscaremos verificar se, no gênero editorial, a organização interna de Segmentos Tópicos mínimos (SegTs), constituinte da Organização Tópica, configura-se como um processo sistemático, podendo ser descrito com base em uma regra geral de organização, ou se é um processo essencialmente variável, que não chega a apresentar uma regra geral de estruturação. O método de análise utilizado é o de análise tópica, que possibilita a análise textual com base na categoria analítica do tópico discursivo, e o material compreende editoriais publicados nos jornais paulistas Folha de S. Paulo e O Estado de S. Paulo em 2016. Os resultados mostram que os SegTs mínimos nos editoriais analisados se organizam internamente com base em uma mesma regra geral, que compreende a combinação potencialmente recursiva de duas unidades de organização intratópica – posição e suporte, o que já permite argumentar a favor da existência de sistematicidade no âmbito da organização textual. O reconhecimento dessa sistematicidade nos permite defender o postulado de que o texto apresenta regularidades próprias de constituição, podendo, portanto, ser descrito segundo uma abordagem gramatical, como a GTI, uma proposta brasileira de gramática de texto.