Embora a doença de Alzheimer (DA) tenha sido descoberta há mais de 100 anos, muitas interrogações acerca dela, sobretudo sobre o seu diagnóstico, resistem ao tempo. Algumas, inclusive, nunca foram de fato investigadas, o que se aplica à preservação ou não, nos idosos acometidos, da capacidade de compreensão de informação pragmática. A busca pela elucidação desse tópico perpassa, necessariamente, o desenvolvimento de um método capaz de aferir o quão preservada está tal capacidade, e foi a isso que se prestou esta pesquisa. Com o embasamento teórico calcado nos princípios funcionalistas e cognitivistas da linguagem, atestou-se que a função pragmática relaciona-se com os âmbitos do processamento cognitivo, do envolvimento da corporeidade e da linguagem verbal. Assim, esses três domínios constituíram critérios de análise, cada qual composto por uma gradação tripartida, a cujos níveis foram atribuídos diferentes valores. A partir da soma da pontuação de cada um das três esferas supracitadas, obtiveram-se valores para o desempenho dos idosos com DA que puderam ser contrastados com os resultados de idosos cognitivamente sadios. Tal contraste, estabelecido entre três pares de informantes, todas do sexo feminino, evidenciou que obtiveram maior pontuação – e, consequentemente, segundo o método em teste, melhor desempenho – aquelas que não foram acometidas pela DA. A elaboração do método, portanto, constitui o objetivo principal deste trabalho, e a sua aplicação ao conjunto de informantes ocorreu no sentido de testar a sua validade. Não se sabe muito sobre a complexidade da linguagem em sua perda, portanto foi intenção desta pesquisa diminuir, ao menos um pouco, essa lacuna de conhecimento.