“A MULHER QUE SE VENDE PARA QUALQUER HOMEM”: UM ESTUDO GEOSSOCIOLINGUÍSTICO, NA PERSPECTIVA DOS TABUS LINGUÍSTICOS. | Autores: Vanessa Cristina Martins Benke (UFMS - Universidade Federal de Mato Grosso do Sul) |
Resumo:
Temas relacionados ao corpo e à sexualidade, ainda em uma civilização moderna com avanços científicos e tecnológicos, motivam sentimentos de pudor e de decoro e, consequentemente, surgem os tabus linguísticos. Nesse sentido, a prostituição, tida como a prática mais antiga do mundo, é vista pela sociedade com um olhar estereotipado e carregado de tabu, e isso pode ser explicado pelas inúmeras formas designativas existentes para nomear “a mulher que vende o seu corpo”. Por extensão, esse contexto dá mostras da visão de mundo, em seus aspectos sociais, históricos e culturais materializados, por sua vez na língua, especialmente no léxico. Partindo desse princípio, este trabalho tem como objetivo geral o estudo do vocabulário dos habitantes das capitais do Brasil, na perspectiva dos tabus linguísticos nas designações coletadas para “a mulher que se vende para qualquer homem”, questão 142 do Questionário Semântico-Lexical (QSL) do Projeto Atlas Linguístico do Brasil (Projeto ALiB), vinculada à área semântica convívio e comportamento social. Os dados aqui discutidos são um recorte dos resultados da pesquisa de Mestrado desenvolvida na Universidade Federal do Mato Grosso do Sul/Campo Grande. Este estudo foi pautado nos princípios teórico-metodológicos da Lexicologia, da Semântica e da Dialetologia/Geolinguística, bem como da Antropologia, da Sociolinguística e da Etnolinguística. A pergunta analisada registrou 66 designações para o conceito em foco das quais as mais produtivas foram: prostituta (31,26%), puta (12,07%), rapariga (7,5%), mulher da vida (6,58%), vagabunda (5,49). O estudo baseou-se na análise semântico-lexical, com foco nos tabus linguísticos, além de considerar as perspectivas diatópicas, diastráticas, diageracionais. Os dados analisados evidenciaram marcas diatópicas e de conservadorismo linguístico, conforme ilustrou a designação rapariga, bem como o registro de formas linguísticas com carga semântica eufêmica, confirmando, assim, as manifestações de pudor por parte do falante frente ao conceito pesquisado.
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