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Simpósio Mundial de Estudos de Língua Portuguesa
Resumo


UMA ABORDAGEM FUNCIONALISTA: O USO DO AÍ NA FALA POPULAR DE SALVADOR/BA

Autores:
Joelma Sena Gomes (UNEB - UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA)

Resumo:

O funcionalismo linguístico difere das abordagens formalistas - estruturalista e gerativista - por entender a linguagem como um instrumento de interação social e investigar dados linguísticos que vão além da estrutura gramatical. Assim, os funcionalistas buscam no contexto discursivo as motivações para os fatos da língua (FURTADO DA CUNHA; COSTA; CEZARIO, 2003) e entendem que os estudos sobre a língua devem partir da língua em uso. Sob a ótica da abordagem da gramaticalização, o uso pode modificar a gramática e criar novas formas linguísticas ou novos usos. A gramaticalização é entendida como processo de mudança linguística que acontece em todas as línguas naturais: processo através do qual, em determinados contextos linguísticos, itens ou construções lexicais assumem funções gramaticais ou, se já gramaticais, se tornam mais gramaticais ainda (HOPPER; TRAUGOTT, 2003 [1993], MARTELOTTA, 2011 etc). No português brasileiro, o item tem apresentado diferentes usos: dêitico locativo, anafórico (espacial e temporal), catafórico, clítico, sequenciador temporal e sequenciador textual, marcador discursivo etc (BRAGA; PAIVA, 2003; PERREIRA, 2011). Neste trabalho, pretende-se analisar a gramaticalização do na fala popular de Salvador. Para tanto, parte-se da análise de um corpus constituído de 15 entrevistas do PEPP - Programa de Português Popular de Salvador, desenvolvido na Universidade do Estado da Bahia (UNEB). Busca-se entender quais são os motivos que levam o a assumir diferentes funções a depender do contexto de uso. Esta pesquisa é subsidiada pelo aporte teórico do Funcionalismo Linguístico nos moldes da vertente norte-americana (HOPPER; TRAUGOTT, 2003 [1993], HOPPER, 1991; TRAUGOTT, 1997; MARTELOTTA, 2011, dentre outros). Quanto ao fenômeno, os resultados preliminares mostram, que em determinados contextos específicos, está passando por um processo de gramaticalização não só como item, como novos usos (anafórico, catafórico, sequenciador, clítico e marcador discursivo), mas também como construção, com usos como conectivos e marcadores discursivos.

 


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