As redes sociais e a mídia a respeito dos discursos dos políticos | Autores: Lílian Pereira de Carvalho (UFSCAR - Universidade Federal de São Carlos) |
Resumo: Nas redes sociais, nota-se uma considerável manifestação pública dos sujeitos, seja se posicionando ideologicamente, seja pelo apoio ou pela crítica aos mais variados assuntos. Os discursos proferidos pelos políticos, em especial dos presidentes, recebem muita atenção da mídia e, consequentemente, dos seus leitores, com destaque para aqueles discursos que são considerados como não virtuosos. A fim de analisar este fenômeno, propomos analisar as notícias, bem como as postagens nas redes sociais sobre os discursos que geraram polêmica, produzidos pelos presidentes Luiz Inácio Lula da Silva, Dilma Rousseff e Michel Temer, durante o período em que governa(ra)m. Para analisá-los, mobilizaremos a teoria das cenas da enunciação, proposta por Dominique Maingueneau. Acreditamos que, ao abordar estas cenas, verificaremos como os sujeitos se inscrevem para interpretar os textos, como os gêneros discursivos são construídos historicamente nestes espaços discursivos e, principalmente, qual é o tom dos discursos, instituídos por si mesmos. Analisaremos também os ethé dos sujeitos envolvidos, o que eles esperam do outro sujeito, a partir do que enunciam. Por fim, pretendemos trazer para a análise a dimensão moral, a partir do conceito de virtude discursiva, proposta por Marie-Anne Paveau, para analisar os enunciados considerados não ajustados aos valores vigentes na realidade. Para isso, faremos um trabalho de descrição/interpretação, considerando estes dispositivos teóricos, visto que entendemos que esta metodologia pode evidenciar como esses discursos trabalham tais acontecimentos. Dessa forma, nossos objetivos são: 1) analisar como se constitui o discurso político, midiático e dos leitores por meio dos gêneros discursivos; 2) compreender a seleção e divulgação de excertos dos discursos dos políticos, considerando o que se espera desses sujeitos; 3) verificar a dimensão moral em torno dos discursos. Nossa hipótese é de que, no Brasil, existe uma norma social de linguagem que descaracteriza os presidentes por meio do que eles falam.
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