Normatização e gramatização no século XIX: análise de duas gramáticas escolares adotadas na Província de Sergipe del Rey | Autores: Emília Helena Portella Monteiro de Souza (UFBA - Universidade Federal da Bahia) ; Álvaro César Pereira de Souza (UNIT - UNIT) |
Resumo: Com o início do processo de gramatização das línguas vernáculas no século XVI, a que Auroux (1992) denomina o advento da gramatização, deu-se, pari passu, o processo de normatização ou, como preferem alguns autores, a estandardização das línguas nacionais. Auroux (1992) elenca nove finalidades para a gramatização de uma língua, subsidiariamente, incluímos a normatização e/ou padronização linguística com viés político-ideológico por meio da escolarização. Gramáticas de filiação filosófica voltadas ao ensino-aprendizagem da língua nacional abundaram no Brasil Oitocentista, a partir da primeira metade do século XIX, cujo objetivo era o de impor uma norma-padrão, de caráter lusitanizante, em sua maior parte. Nesse contexto, trazemos à análise duas obras produzidas a partir da segunda metade do XIX, o Novo Systema de Estudar a Grammatica Portugueza, de José Ortiz (1862) e o Resumo de Grammatica Portuguesa para uso das escolas de primeiras lettras da Provincia de Alagoas e admittido no Rio de Janeiro, Bahia, Sergipe e Pernambuco, por José Alexandre Passos (1886). Para a consecução desse estudo, pautamo-nos pelas seis questões suscitadas por Petrucci (2002) – o que, quem, como, quando, onde e para que – que norteiam a investigação e (re)conhecimento desses objetos culturais, tão caros às sociedades que se utilizam da cultura escrita. Do ponto de vista epistemológico, nos balizaremos pelos postulados da História da Cultura Escrita, ramo da História Cultural, em sua interface com a Linguística Histórica, por tratar-se de um objeto cultural, difusor de uma norma linguística, ideologicamente concebida e transmitida por meio do escrito em instituições escolares. O método de trabalho é o histórico-comparativo, em que as duas gramáticas serão confrontadas. Dos resultados obtidos parcialmente, podemos dizer que a de Passos é bem mais elaborada do que a de Ortiz, com uma abordagem mais condizente com as teorias e métodos das gramáticas filosóficas da época.
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