A proposta da proponente é discutir como a utilização e a manipulação dos aspectos imagéticos de um livro alteram sua construção narrativa, entendendo que a ilustração, como parte do projeto gráfico-editorial do livro, cria novas camadas de significação. Roger Chartier (2010) coloca que o formato do livro, a construção da página, a divisão do texto, a presença ou ausência das imagens, as convenções tipográficas e a pontuação são também objetos de construção de sentido, uma vez que fornecem o aparato necessário para que o texto estabeleça suas significações. Desse modo, pensar a obra fora desses moldes, especialmente a obra infantil em que tais aspectos são tão caros, é limitar sua interpretação. No que tange a classificação metodológica do trabalho, segundo os apontamentos de Brasileiro (2013), trata-se de uma pesquisa bibliográfica, com abordagem qualitativa, posto que “se ocupa da interpretação dos fenômenos e da atribuição de significados no decorrer da pesquisa, não se detendo a técnicas estatísticas” (2013, p. 49). Nossa proposta encontra fundamentação teórica principalmente nas colocações de Nicolajeva e Scott (2011), Linden (2001), Oliveira (2008) e Ramos (2011). Propomos, então, a análise comparativa de duas biografias infantis, as quais entendemos como exemplares de livro ilustrado e de livro com ilustração, a fim de discutirmos em que medida os aspectos imagéticos utilizados na construção dessas obras constroem a imagem do sujeito biografado. Nosso estudo foi norteado pelas seguintes premissas: qual o papel das imagens em cada uma das obras; como elas se relacionam com o projeto gráfico; qual a relação estabelecida com o texto verbal; e em que medida elas constroem e/ou modificam a narrativa. Os resultados parciais observados foram de que a imagem tem um papel fundamental no projeto gráfico dos livros analisados, uma vez que as obras, embora abordem o mesmo personagem dentro do gênero biográfico, apontam diferenças que se constroem por intermédio da narrativa visual.