QUE FATORES INTERFEREM NA PROPOSIÇÃO DAS TAREFAS DE ESCRITA QUE OS PROFESSORES FAZEM AOS SEUS ALUNOS?
Andrea Beatriz Gonzalez Frigo
Partindo da premissa de que a forma como o professor concebe o conhecimento está estritamente vinculada à suas práticas pedagógicas, a pesquisa a ser exposta pretende compreender em que aspectos se apoiam os docentes ao planejar atividades de escrita, conduzir e avaliar a aprendizagem dos alunos. Ancorados nos referenciais construtivista e histórico-cultural, buscamos investigar as relações entre concepções docentes e práticas de ensino, procurando entender como a língua passa de objeto cultural a objeto de ensino. Sob esse aspecto, este estudo considera que o professor, ao fazer escolhas de conteúdo e metodologia, põe em jogo não somente seus conhecimentos teóricos, mas também suas concepções acerca da língua escrita, da aprendizagem e das dinâmicas interativas em sala de aula. Para aprofundar o entendimento dessas relações, utilizamos como estratégias metodológicas a observação direta de quatro classes (duas do 1º ano e duas do 2º ano do Ensino Fundamental 1) de uma escola pública da cidade de São Paulo e entrevistas com os respectivos docentes. Tal escolha se justifica em função do ciclo de alfabetização previsto em lei nacional. Os resultados indicam o predomínio de concepções antagônicas entre os professores, que ora concebem o aluno como um sujeito com capacidades inatas pré-determinadas, ora como um sujeito passivo, que deve absorver o conhecimento a partir do ambiente. As práticas pedagógicas daí advindas apontam para o ensino da escrita desvinculada de seus contextos reais de sentido, bem como de seus usos e funções sociais. Ao desvendar esse cenário, podemos repensar caminhos para superar o artificialismo do ensino da escrita na escola.
Palavras-chave: Alfabetização. Ensino da língua escrita. Concepções de ensino. Concepções de aprendizagem.