Das (in)consequências das palavras: o discurso intolerante nas redes sociais no período eleitoral no Brasil | Autores: Aline Aver Vanin (UFCSPA - Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre) |
Resumo: Liberdade de expressão é a garantia assegurada a qualquer pessoa de se manifestar, de buscar informações, de poder travar debates sobre o que se quer, e o seu exercício é protegido pela constituição. Esse direito, porém, não é absoluto, porque encontra limites ao afrontar direitos consagrados, como o de preservar a honra e a dignidade de uma pessoa ou grupo. Discursos intolerantes não são fenômenos da atualidade, mas têm encontrado cada vez mais espaço devido ao alcance das pessoas nas redes. O período eleitoral no Brasil em 2018 propiciou a emergência de discursos intolerantes não só pela polarização político-partidária que se configurou nesse cenário, mas, especialmente, pela marcada desigualdade social do país. Palavras de cunho racista, homofóbico, machista, xenofóbico ganharam força por paixões de ódio, e se configuraram até mesmo no plano da violência física. O presente trabalho se propõe a discutir uma amostra de textos extraídos da rede social Twitter na última semana de outubro de 2018, à luz da Linguística Cognitiva, de forma a elucidar a violência simbólica que emerge a partir da interação de seus usuários. Constata-se que o caráter intolerante que permeia cada tweet com aspecto de intolerância tem em comum pelo menos uma das categorias já pensadas por Barros (2011): trata-se da sanção aos sujeitos considerados maus cumpridores de certos contratos sociais; do medo em relação ao que é diferente; da oposição entre igualdade ou identidade e a diferença. Nesse sentido, a análise busca refletir acerca desse tipo de violência simbólica, de forma a aprofundar o debate sobre a intolerância e sobre estratégias para combatê-la dentro de instituições que prezam o exercício do livre pensamento, como é a universidade.
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