As recentes políticas linguísticas de internacionalização têm intensificado a mobilidade acadêmica nas universidades brasileiras. As demandas pela aprendizagem do português também têm se ampliado, o que implica pensar em materiais didáticos específicos para esse público, professores e alunos estrangeiros em contexto de imersão. Partindo de uma visão de linguagem como ação conjunta dos participantes para realizar um propósito social (Clark, 2000) e da linguagem como um sistema integrado de comunicação e meio e reflexo de uma cultura (Scaramucci e Rodrigues, 2004), propomos a elaboração de uma unidade didática baseada nessas premissas. Também nos importa o ensino da “cultura invisível” (Phillips, 1983, apud Schoffen e Andrighetti, 2012), que não possui traços visíveis nem identificados facilmente, variando muito dependendo da nacionalidade, mas muito importante porque trata das regras de interação social. Assim, o ensino de português como língua adicional (PLA) precisa ser sensível às práticas sociais locais, distanciando-se de julgamentos de valor (Schoffen e Andrighetti, 2012). E, para além do local, esse ambiente de imersão também proporciona uma ampla e rica convivência entre culturas e é ideal para a sensibilização do “meu olhar” para o “olhar do outro”, para a normalização e compreensão do diferente. Uma oportunidade para desenvolver a compreensão intercultural, entendida aqui como uma reflexão dialogada que permita a compreensão de que o diferente pode ser positivo e necessário e não melhor ou pior do que o já conhecido (Gusmão, 2016). Essa visão teórica foi implementada em uma unidade didática que apresenta e problematiza o conceito de “normal”, e que tem como objetivo final a apresentação oral de um conceito considerado “normal” na cultura do aluno a partir de uma reflexão individual. O presente trabalho pretende expor as etapas de elaboração e implementação dessa unidade e seus resultados, em um relato de experiência.