ESTUDANTES NÃO-ALFABETIZADOS DO ENSINO-FUNDAMENTAL: EXCLUSÃO ESCOLAR E PERSPECTIVAS PARA O FUTURO | Autores: Filomena Elaine Paiva Assolini (FFCLRP-USP - FACULDADE DE FILOSOFIA, CIÊNCIAS E LETRAS DE RIBEIRÃO PRETO DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO) |
Resumo: Apresentamos resultados de pesquisa que investigou como estudantes não-alfabetizados se relacionam com a leitura e a escrita, em sala de aula. O embasamento teórico desse estudo fundamenta-se nas contribuições de Pêcheux, Foucault e Derrida, bem como na abordagem discursiva do letramento. Nosso corpus foi constituído por recortes de entrevistas semiestruturadas, realizadas com vinte e cinco adolescentes, na faixa etária de 13 a 15 anos, estudantes do ensino fundamental. Integram também o corpus, observações por nós realizadas de aulas de Língua Portuguesa, frequentadas por esses estudantes, em diferentes escolas públicas do estado de São Paulo, Brasil. Além disso, produções linguísticas escritas, realizadas por esses estudantes em situações de ensino, nas aulas de Língua Portuguesa, somaram-se ao nosso corpus. As análises discursivas realizadas assinalam que: a) os estudantes alcançaram os anos finais do ensino fundamental, apesar de não saberem ler e escrever e possuírem baixo nível de letramento; b) as situações didático-pedagógicas da disciplina de Língua Portuguesa não contribuem para alcançarem outro nível de alfabetização e ressignificarem suas relações com a leitura e a escrita; c) em sala de aula de Língua Portuguesa, os estudantes demonstram não se interessar pelos conteúdos trabalhados e não se sentem motivados a mostrar suas próprias produções linguísticas escritas ou orais; d) os conteúdos programáticos trabalhados em sala de aula, por meio de diferentes materiais didáticos funcionam como “ discursos da verdade”; e) as produções escritas dos estudantes raramente são lidas pelos professores de Língua Portuguesa, pois esses profissionais partem do pressuposto segundo o qual esses estudantes não têm o que dizer, uma vez que não leem nem escrevem fluentemente; f) na escola, na salas de aula de Língua Portuguesa especificamente, não há espaço para a subjetividade desses sujeitos.
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