Em 2015, a publicação da revista Orpheu completou 100 anos, evento que marcou o nascimento do Modernismo em Portugal, um momento historicamente tão importante quanto a Semana de Arte Moderna de 1922, em São Paulo. A partir daí, as ideias modernistas foram se difundindo pelo espaço da língua portuguesa e por todas as áreas da cultura e das artes: poesia, pintura, arquitetura, escultura, música, teatro, nenhuma atividade artística ficou imune à tempestade inovadora. Formou-se assim uma rede de ideias e pessoas que se estendia no espaço entre Paris, Lisboa e São Paulo, capaz de estabelecer um grande sistema de interlocuções entre três países culturalmente diferenciados. A questão central por nós colocada é sobre o significado cultural dessa rede e as consequências estéticas visíveis no fazer artístico de portugueses e brasileiros nas três primeiras décadas do século XX. Nesse contexto, buscamos, através de investigações em arquivos e análises comparativas, refletir sobre as propostas do Modernismo português, cotejando-as com aquelas do Modernismo brasileiro. Será tomada como referencial de análise a revista Orpheu, análoga à revista paulista Klaxon em importância para o desenvolvimento do Modernismo em cada um desses países, entre outras manifestações, como os manifestos e exposições de arte que igualmente fizeram parte do movimento modernista.