A CONSTRUÇÃO "ACONTECE QUE" NO PORTUGUÊS CONTEMPORÂNEO E SEUS VALORES SEMÂNTICOS | Autores: Priscilla Hoelz Pacheco (UFF - Universidade Federal Fluminense) |
Resumo: Este trabalho tem como objetivo identificar os diferentes valores semânticos da construção acontece que no português contemporâneo, em caráter sincrônico. Partimos do pressuposto que, após processo de construcionalização gramatical (cf. Traugott e Trousdale, 2013), a estrutura acontece que deixa de funcionar como oração matriz de uma construção encaixada subjetiva e, como nova construção, categoriza-se como conector no domínio do contraste. À luz da Linguística Funcional, que defende o estudo da língua nas situações comunicativas reais, adotamos como pressupostos desta pesquisa os estudos de Bybee (2010) sobre os processos cognitivos aplicados à mudança linguística, a abordagem construcional da gramática, que percebe a língua como um inventário de construções, além de postulados sobre o papel da inferência e do contexto no processo de mudança da língua. Utilizamos como base para a nossa análise o disposto em Neves (2000) sobre os valores semânticos do conector prototípico de contraste, o mas, uma vez que, conforme Bybee (2010), um novo membro de uma dada categoria tende a assumir características de seu membro exemplar. Com caráter prioritariamente qualitativo, esta pesquisa tem como corpus entrevistas transcritas do programa de TV Roda Viva, disponíveis em www.rodaviva.fapesp.br. Nossos resultados parciais identificam sete padrões distintos de valor semântico para a construção, aqui chamados de tipos. São eles: contraste por oposição; contraste parcial; contraste com eliminação do trecho anterior; contraste negando inferência; contraste em direção independente; contraste marcando compensação, e focalização de aspecto negativo, sem relação de contraste.
Agência de fomento: CAPES |
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