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| O PANO ENCANTADO: UMA LEITURA INTERARTÍSTICA ENTRE BORDAR E NARRAR | Autores: Thainá Aparecida Ramos de Oliveira (UNEMAT - Universidade do Estado do Mato Grosso) ; Reila Marcia Borges Rodrigues () |
Resumo: Bordar e contar histórias são atividades semelhantes, pois, como nos diz Walter Benjamin (1994), elas mobilizam aspectos como a tradição, a memória, a experiência; e, podemos acrescentar a isso, a criatividade e a percepção do mundo. Encontram- se na literatura e na arte em geral, diversas produções que se intercruzam com a tessitura. É nesta relação interartística que se visualiza o conto O pano encantado (2005), do escritor João Paulo Borges Coelho, propondo uma viagem através de letras e linhas. Ficcionista, historiador e professor universitário, este autor de nacionalidade moçambicana, mescla em suas produções não somente a relação com a história, mas também com a geografia, diversidade cultural e étnica que representa Moçambique. Em O pano encantado (2005) o enredo coloca em cena dois personagens de gerações distintas: Senhor Rashid, proprietário de Alfaiataria 2000, homem autoritário que exerce relações comerciais; e o seu empregado Jamal, que através do bordado, busca escrever a sua própria história, revisitar o passado, representando o descontentamento com mundo capitalista. Ao bordar, este segundo personagem desenha um mapa representativo do seu espaço e os traços da sua identidade, dialogando com o próprio fazer do artesão, que de forma manual ornamenta aspectos culturais. No conto, podemos ainda entender o bordado como a representação da arte, uma forma de se libertar, de construir a identidade e contar a própria história. Assim como, em períodos anteriores, as mulheres se ocupavam do bordado para ler o mundo e afirmar o seu espaço, Jamal apropria-se da mesma função e utiliza a tessitura como exercício criativo de configuração da sua terra. Diante do exposto, o presente estudo propõe costurar o produto artesanal à arte de narrar, através de um olhar sob o conto, mostrando que narrativa e bordado não são apenas simples ornamentos, mas espaços da memória e configuração da identidade.
Agência de fomento: CAPES/FAPEMAT |
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