A MUDANÇA PARAMÉTRICA DA PREPOSIÇÃO DATIVA EM VERBOS DINÂMICOS NO PORTUGUÊS AFRO-BRASILEIRO E A SITUAÇÃO DO CONTATO ENTRE LÍNGUAS | Autores: Isis Juliana Figueiredo de Barros (UFOB - UNIVERSIDADE FEDERAL DO OESTE DA BAHIA) ; Maria Cristina Vieira de Figueiredo Silva (UFBA - UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA) |
Resumo: Este trabalho baseia-se na perspectiva sócio-histórica e apresenta uma análise sob o ponto de vista da aquisição da linguagem sobre o fenômeno da (não) realização das preposições a e para, introdutoras de dativo alvo/meta de verbos ditransitivos de movimento e de transferência no português afro-brasileiro, a partir do corpus constituído por amostra de falas das comunidades rurais de Sapé, Helvécia, Rio de Contas e Cinzento. A análise explicativa se valida na abordagem formalista paramétrica e nas teorias da aquisição de línguas em contato, principalmente no tocante à proposta de competição de gramáticas e da relexificação (LEFEVBRE, 1998; 2002) na aquisição de L2 em situação de contato entre o português brasileiro e línguas africanas, devido ao número considerável de africanos das zonas bantas que teriam sido enviados para a Bahia durante o período colonial. A hipótese explicativa se desenvolve em torno do fato de que o item prepositivo para teria se inserido em contextos dativos alvo/meta, a partir da interpretação do traço [deslocamento] equivalente às preposições prefixais ku, mu e bu das línguas de substrato banto. O processo teria se iniciado no contato intenso entre línguas por meio da perda do núcleo aplicativo (Pylkkänen, 2002) de terceira pessoa lhe/lhes, devido à escassez e à ambiguidade de inputs, resultando na seleção (inconsciente) do parâmetro de uma gramática não marcada (ROBERTS, 2007). O resultado da análise descritiva dos dados no corpus do português afro-brasileiro evidencia que a gramática não marcada tem vencido a competição, resultando em uma mudança em curso.
|
|