No período colonial, a Igreja, representada pela Sé, pelas ordens religiosas e pelas confrarias, possuía fundamental importância para a expansão dos domínios do Império Português, auxiliando à Coroa na administração das regiões além mar e na difusão de uma doutrina teológica favorável aos interesses dos homens nobres (ALENCASTRO, 2000).  Nos documentos eclesiásticos relativos à Capitania da Bahia, é possível resgatar as atividades realizadas pela Igreja durante o período colonial, o que pode ser atestado na leitura do Estatuto e dos Regimentos da Sé, documentos manuscritos provenientes da Arquidiocese que, entre 1718 e 1720, foram sistematizados pelo arcebispo Dom Sebastião Monteyro da Vide, então arcebispo da cidade do Salvador. Na presente comunicação, por meio desta documentação, buscou-se evidenciar as práticas dos cônegos, tanto das obrigações seculares ordinárias provenientes da administração da Catedral quanto no compromisso de cada um nos rituais eclesiásticos e no Coro.  Assim, considerando-se a relevância do léxico como uma via de conhecimento do contexto sócio-histórico e da língua desse período (VILELA, 1994; MURAKAWA, 1998), incluiu-se, no estudo, um breve glossário de termos eclesiásticos, evidenciando a importância da mediação filológica no esclarecimento do texto (CUNHA, 1994). Foram ainda mobilizados métodos de outras ciências, a exemplo da Paleografia (ACIOLI, 1994; HIGOUNET, 2003) e Diplomática (BELLOTTO, 2002; DURANTI, 2015), a fim de disponibilizar informações complementares que auxiliam a compreensão do teor do documento, indo além da edição (SPINA, 1977), ao evidenciar a importância do conhecimento das fontes primárias, seja para o esclarecimento da história da língua, seja no resgate dos acontecimentos históricos.