O legado sociocultural de uma comunidade é representado pelo léxico, nível linguístico pelo qual o homem expressa sua concepção de mundo e o que mais evidencia a relação entre língua, cultura e sociedade. Assim, este trabalho fundamentou-se em pressupostos teórico-metodológicos da Semântica e da Lexicologia e buscou estabelecer relações entre o vocabulário estudado e o contexto sócio-histórico-cultural do homem do Centro-Oeste brasileiro, ao confrontar o vocabulário de 153 designações de plantas medicinais extraídas da obra “Enfermidades Endêmicas da Capitania de Mato Grosso” (1791), de Alexandre Rodrigues Ferreira, com o registrado em “A flora medicinal no Centro-Oeste do Brasil: um estudo de caso com abordagem etnobotânica em Campo Limpo de Goiás” (2009), de Marcos Rodrigo Beltrão Carneiro, que registra 723 designações para plantas medicinais na referida região  (exceto o Distrito Federal) na atualidade. Essa comparação e, por conseguinte este trabalho, objetivaram analisar quantitativa e qualitativamente os dados obtidos e identificar quais lexias designativas de plantas medicinais permaneceram no léxico da região  após mais de dois séculos da publicação do texto de Ferreira (1971). A análise léxico-semântica dos dados fundamentou-se em dicionários gerais de diferentes fases da língua portuguesa, em obras de medicina natural e demonstrou que 58% das lexias designativas de plantas medicinais registradas por Ferreira (1791), permanecem no léxico contemporâneo do Centro-Oeste brasileiro. Partindo da premissa de que o léxico é “a somatória de toda a experiência acumulada de uma sociedade e do acervo da sua cultura através das idades” (BIDERMAN, 1978, p.139), este estudo evidencia a forte relação entre léxico e cultura, ao retratar – numa época de tantos recursos tecnológicos e industriais – a permanência do uso de plantas para fins de cura na região pesquisada. As lexias detalhadas no decorrer deste trabalho foram selecionadas mediante corpus de exclusão a partir de pesquisa no site do Google.