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Simpósio Mundial de Estudos de Língua Portuguesa
Resumo


O verbo e a carne: o político no Barroco brasileiro

Autores:
Telma Domingues da Silva (UNIVAS - Universidade do Vale do Sapucaí)

Resumo:

Esta apresentação integra o projeto “Brasil, presença barroca”, que tem como objetivo refletir sobre o barroco como discurso fundador (Orlandi, 1993) na cultura e identidade do sujeito brasileiro, tomando, nessa direção, materiais diversos, de diferentes épocas, para uma compreensão da articulação de significantes que produzem sentidos enquanto discurso barroco.

Coloca-se em causa a compreensão mais corrente de barroco como estilo de época e arte religiosa, nesta análise, investigando-se relações entre elementos da iconografia religiosa que caracterizam o barroco e a retórica jesuítica, considerando, como parte da historicidade do/no discurso barroco, um funcionamento na arte barroca de consolidação e propagação de “verdades” religiosas, mas também políticas. A ordem jesuíta tem início na Contra-Reforma e marca a colonização das Américas. Se supusermos uma distinção entre um barroco político e um barroco religioso, poderíamos considerar que a tradição ibérica acentua o primeiro, considerando-se a busca de poder e ordem que se realiza através da conquista do “Novo Mundo”, e o encarna.

O Concílio de Trento sistematiza as estratégias de evangelização, destacando a potencialidade das imagens. Promulgou, em sua última sessão de trabalho, o decreto sobre a veneração às relíquias dos santos e imagens sagradas. Destaca-se, na formação do padre jesuíta, a oratória, fundamentada no RATIO STVDIORVM, método originado no Concílio de Trento. A análise dirige-se a relações entre as imagens do/ no barroco e uma retórica religiosa e política presente no Brasil. Diz-se, por exemplo, de Aleijadinho, que esculpiu a Bíblia em pedra-sabão. Em relação à retórica como parte da formação dos padres jesuítas, estes eram “treinados para defender até raciocínios ilógicos”, através da prática de exercícios de silogia, e mesmo a demonstração de silogismos absurdos. Havia 256 tipos diferentes de estruturas silogísticas, cada um como nome formado de “letras mnemónicas”, uma dessas era representada pelas letras que formam a palavra BAROCO.