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Simpósio Mundial de Estudos de Língua Portuguesa
Resumo


Viver entre culturas: a construção da identidade em Mar azul, de Paloma Vidal

Autores:
Patricia Mariz da Cruz (UFF - Universidade Federal Fluminense)

Resumo:

Segundo romance de Paloma Vidal, Mar azul é tecido pela voz de uma narradora idosa que, nos anos 1970, exilou-se no Brasil devido à ditadura militar na Argentina. O contato entre as duas culturas e ambas as línguas pode ser percebido pela volta ao passado – característica, esta, que é natural à condição do estrangeiro, segundo Edward Said (2003) -, a partir das lembranças, e pela leitura dos escritos íntimos de seu falecido pai, que foram deixados como herança para ela. Esse caráter de transitoriedade da narrativa também se acentua pelos tempos que se apresentam, já que a protagonista em sua velhice rememora a juventude, época caracterizada pelas diversas mudanças físicas e identitárias. Com isso, é mediante o contato de tempos, espaços e culturas distintos que compreendemos a identidade como um processo inacabado, que é construído mediante as experiências do sujeito e as suas relações sociais, conforme os pressupostos de Stuart Hall (2011). Dessa maneira, vemos que o romance de Paloma Vidal ajuda a refletir sobre a construção da identidade na pós-modernidade, a partir do entrelugar ocupado pelo estrangeiro, que vive em duas culturas diferentes, a local e a do nascimento, e também em tempos distintos, ou seja, entre passado e presente. Assim, é diante dos temas que se descortinam na narrativa que este trabalho busca realizar uma reflexão acerca da constituição da identidade pós-moderna, mediante a figura do estrangeiro, sob a voz de uma personagem feminina.


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